O desenvolvimento das safras de trigo do Hemisfério Norte continuam a pesar sobre o mercado internacional do cereal, promovendo intensa volatilidade nas bolsas mundo a fora. Na Bolsa de Chicago, por exemplo, as condições adequadas de desenvolvimento da safra 2024/25 tem sido um fator de pressão considerável sobre os futuros do grãos.
“Seguimos ainda muito próximos das mínimas que registramos na temporada passada, o mercado apresentou uma queda bem acentuada. Chegou a subir naquele momento em que se falava de uma safra menor da Rússia, mas ainda é um momento de ingresso de safra do Hemisfério Norte, os grandes fornecedores estão colhendo e então parece pouco provável que a gente tenha força de reação de preços no mercado global”, afirma o analista da Safras & Mercado, Élcio Bento, em entrevista ao Bom Dia Agronegócio, do Notícias Agrícolas, nesta sexta-feira.
Esse movimento deverá se estender até meados de agosto, com a chegada dessa nova oferta, o que estende também, portanto, a pressão sobre as cotações. Na sequência, os traders se voltam às safras do Hemisfério Sul, como Argentina, Austrália e Brasil.
Ao mesmo tempo, a demanda cresce de forma liner no planeta, sem trazer grandes sobressaltos e, por isso, causa limitado impacto ao mercado do trigo. E isso acontece mesmo com uma relação de oferta x demanda ainda ajustada no cenário global.
NO BRASIL: NOVA SAFRA E PREÇOS
No Brasil, com a nova safra em andamento, o principal fator de incerteza é o clima, com a temporada sendo marcada por diversas irregularidades. Já olhando para a formação de preços, como explica Bento, há a combinação da volatilidade no mercado externo combinada com um dólar também bastante agitado frente ao real.
Ao passo em que os preços vão se formando e os negócios aparecendo, compradores e vendedores vão definindo suas estratégias, inclusive sinalizando se entre os vendedores é melhor entregar seu grão na exportação ou para a demanda interna e, entre os compradores, de onde vem o produto mais atrativo. Ainda neste cenário, o mercado monitora também, como explica o analista, alguns atrasos que têm se dado nos portos com as operações de trigo, o que acaba, inclusive, aumentando os custos logísticos.
“Este é um momento de incerteza. Sabemos que há o posicionamento de cada produtor, mas sabemos que já há pouco de trigo de safra velha. Então, acho que estes preços que estamos vendo no Paraná, em torno de R$ 1700,00/tonelada, são preços para serem aproveitados. Aqui no Rio Grande do Sul, os preços estão um pouco mais achatados, mas ainda temos um bom período de entressafra, então vai da estratégia de cada um. É importante não ficar muito na defensiva. O escalonamento de venda é interessante porque o mercado de trigo tem pouca liquidez e as oportunidades de preços atrativos são raras”, detalha Élcio Bento.
O analista pontua ainda que da safra nova pouco trigo também tem sido comercializado, os produtores não se estimulam muito com os atuais níveis de preços, mas é importante que ele monitore também aplique esse escalonamento para fazer um preço médio para esta nova safra.
Fonte: Notícias Agrícolas
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