A nova frustração de safra no Brasil, particularmente no trigo, começa a reverter a tendência de baixa nos preços internos, conforme análise da Central Internacional de Análises Econômicas e de Estudos de Mercado Agropecuário (CEEMA). No Rio Grande do Sul, os preços do trigo de qualidade superior ficaram em torno de R$ 67,00 por saco, enquanto no Paraná as negociações alcançaram R$ 79,00 por saco.
Chuvas e calor afetam a qualidade do trigo
O cenário adverso é agravado pelas condições climáticas, com chuvas intensas e calor excessivo afetando a qualidade do trigo gaúcho. O Falling Number, um indicador que reflete o teor de amido das farinhas, despencou após a colheita realizada durante as chuvas de outubro. “Muitas cargas foram devolvidas pelos moinhos devido às baixas classificações”, alerta a CEEMA.
Os técnicos do setor evitam fazer previsões quanto à qualidade das lavouras ainda em campo, evidenciando a incerteza que permeia a produção deste ano. Até o dia 17 de outubro, a colheita no Rio Grande do Sul atingia apenas 3% da área, em comparação a 20% no mesmo período do ano anterior.
Produtividade abaixo do esperado e aumento de solicitações de Proagro
No Noroeste gaúcho, onde a colheita está mais avançada, o número de solicitações de Proagro aumentou consideravelmente. O escritório da Emater de Ijuí já registrou cerca de 50 pedidos de assistência. “Há lavouras com rendimento abaixo de 40 sacos por hectare, enquanto para cobrir os custos de produção seria necessário colher entre 45 e 50 sacos”, aponta a instituição local.
Perspectivas nacionais e impacto nas colheitas
No Brasil, a colheita de trigo, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), atingiu 41,8% até o dia 13 de outubro, com o Paraná alcançando 87% da área até o dia 21 de outubro. No entanto, 16% do que ainda falta colher no estado paranaense está em condições ruins. Em São Paulo, as expectativas diminuíram, com previsões de colheita não superando 300.000 toneladas, quando anteriormente se esperava entre 320.000 e 350.000 toneladas.
Com esse quadro, a previsão de uma safra final de trigo no Brasil se aproxima de 7,5 milhões de toneladas, muitas vezes com qualidade inferior, o que gera preocupações no setor.
Compromisso da Conab e leilões de Prêmios
A situação se torna ainda mais complexa com a reunião recente entre a Bolsa Brasileira de Mercadorias (BBM), a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) e a Organização das Cooperativas do Estado do Rio Grande do Sul (Ocergs) com a Conab. O foco foi discutir os leilões do Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro) e do Prêmio Para Escoamento do Produto (Pep). Muitos produtores ainda aguardam o pagamento dos prêmios referentes ao ano passado.
A Conab se comprometeu a agilizar os pagamentos e realizará uma nova reunião em 7 de novembro para avaliar novos leilões de Pep e Pepro de trigo. O preço mínimo está estabelecido em R$ 78,51 por saco, enquanto os preços de balcão, pagos diretamente aos produtores, estão em média R$ 65,00. Essa diferença de mais de R$ 13,00 por saco deve ser garantida pelo governo, conforme mencionado pela BBM.
Fonte: Agrolink
Comentários